EMBAIXADA DA ESPANHA NO BRASIL/BRASÍLIA
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Exmo. Senhor Embaixador da Espanha no Brasil/Brasília
D. Carlos Alonso Zaldívar.
O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva divulgou hoje em Salvador a carta 'Por um Brasil sem Racismo'. Leia a íntegra: CARTA DE SALVADOR É com alegria que venho mais uma vez aqui, ao lugar onde o Brasil nasceu. A esta cidade que tem dado o exemplo na luta contra o racismo e contra todas as formas depreconceito. Quando me pergunto como foi que os negros africanos conseguiram marcar tão profundamente, não só a Bahia mas todo o Brasil, no processo de formação do povo brasileiro, só encontro uma resposta. Os negros não eram escravos na África, por isso a liberdade que buscavam aqui é algo que nasceu com eles e por direito de herança sempre lhes pertenceu. Não eram meras máquinas de produzir. Eram pessoas. Tinham os seus desejos, os seus sonhos, os seus projetos. Aqui chegando não trouxeram somente os seus corpos, mas também seus saberes, as suas técnicas, os seus símbolos, as suas canções e os seus deuses. E o que é mais importante: nunca foram indivíduos submissos que abrissem mão de seu destino. Pelo contrário, a alma africana jamais se rendeu, sempre foi muito mais forte do que o chicote do feitor e de todas as torturas e humilhações da escravidão. Foi assim que aqueles negros, já brasileiros, foram capazes de participar da construção da Bahia e da nossa nação. Foi a luta dos quilombos e dos terreiros — uma luta que vem acumulando vitórias, em sua longa duração histórica. Mas nem por isso uma luta que já acabou. É claro que ainda existe racismo no Brasil. É claro que ainda não temos uma verdadeira e genuína democracia racial em nosso país. Os resultados do racismo causam danos materiais, simbólicos e culturais para toda a população brasileira, agredindo a própria essência da nossa democracia. Os negros representam quase metade da população brasileira. Mas, de cada três brasileiros pobres desse país de desigualdades tão gritantes, dois são negros. É flagrante que a população negra está concentrada nas menores faixas de renda, tem menor escolaridade, está nas piores ocupações e detém maior participação relativa no contingente de desempregados. Da mesma forma, é majoritariamente negra a massa de desempregados e subempregados em todo o país. Pesa sobretudo na mulher negra, que vivencia outras formas de discriminação ligadas às desigualdades de gênero, as maiores injustiças. Esta situação não pode ser vista como simples herança da escravidão. O racismo vem sendo recriado e realimentado a cada geração. Diante de um quadro como este será impossível construirmos uma nação verdadeiramente democrática e socialmente justa se não resgatarmos a imensa dívida social que, há mais de 500 anos, faz da população negra vítima estrutural da violência, do racismo e da injustiça. Temos que varrer de uma vez por todas o racismo de nosso país. E é este ideal que desejo e me sinto comprometido a realizar, porque isso é possível, porque o racismo é mais do que um crime. E o Brasil que nós queremos — e que juntos vamos construir — é um Brasil mais justo, mais solidário, mais fraterno, em suma, um Brasil decente. Luiz Inácio Lula da Silva | |
28 de setembro de 2007 | |
Ao entregar abaixo-assinado por igualdade racial, ativistas negros desentendem-se com Chinaglia. Representantes do movimento negro reuniram-se no dia 27/9 em Brasília para entregar aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal 100 mil assinaturas favoráveis à votação e aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Atitude de deputado é um sinal claro de submissão a um tipo de cultura e de regras que as classes dominantes tentam impôr às classes subalternas (e elas próprias não cumprem). Além de um racismo não assumido, que vê os movimentos populares e especialmente nos movimentos negros com olhar de repreensão quando estes se manifestam com palavras de ordem, com música e dança. Eles preferem as conversas ao pé do ouvido, a troca de favores, os mensalões (como o caso do ex-presidente João Paulo) ... práticas que acham que são mais "educadas". Gritar não pode, comprar voto pode. Bárbara Lobato* Da Agência Brasil Antes da entrega das assinaturas na Câmara, os representantes se manifestaram em frente da sala do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT – SP), com frases “Cotas sim!”, referindo-se à universidades, e “Estatuto, já!” Já dentro da sala de Chinaglia, eles voltaram a entoar gritos de ordem. As manifestações dos ativistas geraram um desentendimento com Chinaglia, que admitiu tê-los repreendido. Os manifestantes, por sua vez, disseram ter sido "desrespeitados" por ele. Mais tarde, o deputado relatou aos repórteres o que teria dito na ocasião: "Vocês estão prejudicando a luta de vocês. Qual é a idéia que vai passar? É que vocês estão tentando, no grito, impor ao presidente da Casa qualquer que seja a atitude". O coordenador do Movimento Brasil Afirmativo do Fórum SP da Igualdade Racial, Dojival Vieira, afirmou que o movimento espera um “pedido de desculpas” de Chinaglia. “O senhor Arlindo Chinaglia receberá a resposta do povo negro brasileiro. Ele não sabe que o nosso povo não cala a boca e que não se diz 'cala a boca' àqueles que sustentaram o nosso país.” A assessoria de Chinaglia admite que ele "chamou a atenção" dos manifestantes, mas nega que ele lhes tenha mandado "calar a boca". Aos jornalistas, mais tarde, Chinaglia explicou que estava tinha uma reunião agendada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que não teria horário para atender o movimento negro. “Eu avisei que não tinha tempo, mas mesmo assim os recebi, tendo em vista a dimensão que representa a luta por igualdade no Brasil”, disse Chinaglia. À tarde, em audiência pública realizada no Senado sobre preconceito racial, o senador Paulo Paim (PT-RS) lamentou a postura de Chinaglia. “Foi lamentável a reação intempestiva e desnecessária do companheiro do meu partido. Fiquei muito chateado e muito triste. Estou há 21 anos no Congresso e nunca vi nada semelhante a isso”, disse. O senador disse que não presenciou a discussão: “Eu cheguei no momento que ele [Chinaglia] estava mandando um dos advogados calar a boca e achei constrangedor.” Segundo Paim, no momento ele pediu para os integrantes do movimento se retirarem do local. No final da tarde, o movimento negro entregou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), as 100 mil assinaturas. O movimento defende a aprovação do projeto de lei que institui o Estatuto da Igualdade Racial. Além desse, há a proposta que fixa cotas em instituições federais de ensino superior. Ambas as matérias tramitam na Câmara dos Deputados. Ainda segundo sua assessoria, Chinaglia deve marcar um horário com os representantes do movimento negro para os próximos dias, a fim de ouvir suas reivindicações. Jurista diz que atitude de Chinaglia foi episódio grotescoAfropress: 2/10/2007 S. Paulo – O jurista Fábio Konder Comparato (foto) condenou a atitude do presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP), que destratou lideranças do Fórum SP da Igualdade Racial, presentes em Brasília na semana passada para a entrega de 100 mil assinaturas em defesa do Estatuto, PL 73/99 e PEC 02/06. “Esse episódio grotesco que aconteceu com o presidente da Câmara dos Deputados deveria receber uma resposta coruscante: o senhor é nosso empregado. Os homens públicos, os que governam, deveriam se comportar como nossos empregados e não o contrário”, afirmou. Comparato, que é um dos mais respeitados juristas brasileiros, fez as declarações ao falar sobre o tema “Aspectos jurídicos e igualdade racial” no terceiro encontro do Ciclo de Debates “Ações Afirmativas: estratégias para ampliar a democracia”, promovido desde agosto pela Seppir, no Hotel Pestana, em São Paulo. A atitude do presidente da Câmara, que chegou a mandar um dos ativistas "calar a boca", foi tema dominante nas conversas e intervenções durante o encontro, aberto pela ministra Matilde Ribeiro. Além de Comparato, participaram da mesa, coordenada por Sônia Maria Pereira Nascimento, o procurador geral do Estado da Bahia, Lidivaldo Raimundo Brito e o mestrando em Direito e presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues. Fórum SP Também a reunião convocada pelo Fórum SP da Igualdade Racial com o Subsecretário Adjunto da Seppir Martws Chagas, no Sindicato dos Comerciários, acabou se transformando num ato de desagravo às lideranças que foram desrespeitadas por Chinaglia. O incidente, que teve repercussão nacional, ocorreu na última quinta-feira (27/09), quando ativistas da capital e de várias cidades do interior e da região metropolitana, estiveram em Brasília para pressionar o Congresso a pautar o Estatuto e os demais projetos, e foi classificado pelo senador Paulo Paim (PT-SP) como "nunca visto" em 21 anos de Congresso. A reunião foi aberta pelo próprio presidente do Sindicato dos Comerciários Ricardo Patah, que também dirige a União Geral dos Trabalhadores (UGT), e coordenada pela diretora do Sindicato, Cleonice Caetano, e teve a presença dos líderes do Fórum SP da Igualdade – Frei Leandro Antonio da Silva, da Rede Educafro, a advogada Regina Célia da Silva, da CONAD/SP e do jornalista Dojival Vieira, da coordenação do Movimento Brasil Afirmativo. Chagas, que representava a ministra Matilde Ribeiro, não quis se manifestar sobre o episódio, porém, garantiu. “Esse movimento de vocês foi uma vitória”. O advogado Sinvaldo Firmo, do Instituto do Negro Padre Batista e assessor do deputado José Cândido, a quem Chinaglia mandou “calar a boca”, disse que a atitude do presidente da Câmara acabou fortalecendo ainda mais o movimento. Estatuto Segundo o subscretário Martws o Estatuto e o PL Cotas são também projetos defendidos pelo Governo federal. “São projetos assumidos pelo presidente Lula, como seus. Não tenho dúvidas do compromisso do presidente Lula com a nossa Causa”, afirmou. Chagas, entretanto, fez avaliação de que talvez não seja o momento de pedir a pautação das matérias ao presidente da Câmara, alegando a possibilidade de o Estatuto não ter maioria de votos para ser aprovado. Em resposta, o jornalista Dojival Vieira, do Movimento Brasil Afirmativo e editor de Afropress, lembrou que o Estatuto foi apresentado em 1.995, portanto, há 12 anos, e perguntou. “E quando é que houve uma situação favorável?”. As lideranças do Fórum destacaram respeitar a Agenda e as avaliações da Seppir e do Governo, porém, consideram que é precisamente a pressão da sociedade sobre os deputados que pode garantir a aprovação. Nesse sentido propuseram que a Seppir promova Seminários sobre a importância da aprovação do Estatuto e do PL Cotas nas cinco regiões do país, em parceria com entidades do movimento negro e anti-racista, como forma de sensibilizar setores do movimento negro que estão literalmente "em cima do muro", ou seja, são favoráveis ao Estatuto, mas não se dispõem a mobilizar a sociedade para fazer pressão sobre o Congresso, e que faça a discussão com outras áreas de governo, incluindo o colégio de líderes da base governista visando agilizar a pautação e votação do Estatuto. |
06/03/09 - 19h16 - Atualizado em 09/03/09 - 21h02
Mulher tira a blusa para entrar em agência bancária em Jundiaí
Empregada doméstica de 44 anos considera que foi barrada por ser negra.
Ela só entrou na sexta tentativa, depois de tirar a roupa.
A empregada doméstica Doralice Muniz Barreto, de 44 anos, que teve de tirar a blusa para entrar em banco (Foto: Dago Nogueira/ Agência Bom Dia)
A empregada doméstica Doralice Muniz Barreto, de 44 anos, conta que teve de tirar a blusa
para passar pela porta giratória da agência do Banco do Brasil no Centro de Jundiaí, cidade localizada a 58 km de São Paulo. "Me senti humilhada, arrasada, acabada, uma ninguém", afirmou.
Ela contou ao G1 na tarde desta sexta-feira (6) que vai procurar um advogado na próxima semana para processar o banco e pedir uma indenização por danos morais. Toda a cena foi gravada pelo celular de outra cliente, Cleide Aparecida dos Santos Silva. Em nota, o Banco do Brasil informou que segue as normas institucionais
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A empregada doméstica considera que foi discriminada por ser negra, uma vez que outros clientes brancos passaram tranquilamente pela porta. A Polícia Militar foi chamada por um advogado, cliente do banco, e lavrou um termo circunstanciado.
Mãe de cinco filhos e avó de quatro netos, Doralice chegou à agência por volta das 15h10 de quarta-feira (6) para descontar seu cheque-salário de aproximadamente R$ 700. Quando tentou entrar pela primeira vez, a porta travou.
Doralice tirou o relógio e duas chaves do bolso e depositou no
porta-objetos, mas nada adiantou. Ela também esvaziou a bolsa que carregadva a tiracolo, colocando todos os objetos à vista, sem sucesso. De acordo com ela, o segurança permaneceu dizendo que havia objetos de metal com ela. Ela ainda tentou entrar na agência outras quatro vezes.
Desesperada, Doralice pediu ao segurança que chamasse o gerente, mas o vigia avisou que o gerente estava ocupado. "Disse para ele: 'eu não tenho mais nada. A única coisa que eu posso fazer agora é tirar a roupa'. E ele me disse: 'problema seu'", conta Doralice.
Diante da resposta do vigilante, a empregada tirou a blusa e a porta imediatamente destravou. "Eu fiquei tão nervosa que ia tirar a roupa toda, mas não deu tempo", disse ela.
A mulher conta que cerca de 50 clientes estavam dentro do banco no momento em que a cena aconteceu. "Depois da raiva, me senti humilhada e com vergonha. Chorei muito e estou chorando até agora", disse ela.
A costureira Cleide Aparecida conta que estava no banco com a filha, a dona de casa Érica Cristina dos Santos, que filmou toda a cena com seu celular. "Se ela me chamar eu vou ser testemunha a favor dela. Tinha um advogado lá no banco que também aceitou defendê-la. Eu fiquei indignada. Como pode uma pessoa ser impedida de entrar no banco com todo mundo olhando. Foi só ela tirar a blusa que deixaram entrar", afirmou.
Cleide afirma que filmou para não depender apenas da palavra. "Filmei porque se a pessoa vai na delegacia e conta o que aconteceu, ainda são capazes de dizer que é mentira", afirmou.
Doralice contou que, assim como Cleide, todos os clientes se mostraram solidários. Na intenção de ajudar, um advogado que passava pelo estabelecimento chegou a propor ao segurança que levasse a empregada para algum lugar seguro por onde ela pudesse entrar sem oferecer risco. "Ele disse que se eu tivesse alguma coisa perigosa os guardas poderiam chamar a polícia", conta ela. Outros clientes aconselharam Doralice a quebrar a porta.
Funcionários parados
Ela afirma ainda que nenhum dos funcionários se mostrou solidário a ela. "Todo mundo que estava sentado naquelas mesas fingiu que não estava acontecendo nada."
Questionado sobre o caso, o Banco do Brasil divulgou a seguinte nota: "O Banco do Brasil segue as normas institucionais, entre elas, a portaria 387 da Polícia Federal que em seu artigo 62 diz que o banco é obrigatório ter vigilante, alarme e um item de segurança, que pode ser portal com detector de metais ou outro item que retarde a ação dos criminosos. O objetivo é garantir a segurança dos clientes."
Marido de Doralice, o aposentado e vendedor Augusto Zara ficou preplexo. "Eu vou falar o que? Além de revoltante, isso mostra que essas pessoas são muito mal preparadas. Isso deveria servir para mostrar que o banco é nosso", afirmou.
No ano passado, a atriz Solange Couto também acusou um banco de constrangimento. Ela disse que teve de ficar de calcinha na porta de uma agência no Rio depois de ser barrada quatro vezes na porta giratória.
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22 de março de 2006 | |
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O secretário-geral da Anistia Internacional, o indiano Salil Shetty, afirmou em entrevista ao iG que o País precisa estar pronto a “pôr sua própria casa em ordem” no que diz respeito a direitos humanos, se quiser ter assento permanente no Conselho de Segurança. “A pressão aumenta. Quem tem teto de vidro não deve atirar pedras.”
Raphael Gomide, iG Rio de Janeiro 27/04/2011 17:15
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